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Ninguém deveria abrir uma empresa para sobreviver só quando a economia vai bem

Thomaz Srougi

Abrir um negócio na crise pode parecer uma loucura, mas, acredite, esse é um cenário que pode ser muito fértil para a inovação.

Pode parecer contraditório, mas o melhor momento para abrir um negócio novo é na crise. Companhias bem sucedidas como a General Motors, AT&T, Disney, MTV, foram fundadas durantes períodos de recessões econômicas. Se mesmo assim você ainda não se convenceu, um estudo realizado em 2009 concluiu que metade das empresas Fortune 500 foram fundadas em períodos de depressão econômica.

O economista Joseph Schumpeter apelidou esse fenômeno de “destruição criativa”. Em resumo, durante períodos de crise, modelos inovadores que atendem novas demandas e necessidades assumem o mercado de empresas ultrapassadas e ineficientes. Se você teve dificuldade de visualizar esse conceito, pense em como a entrada do Uber no mercado balançou as estruturas já enferrujadas dos taxistas que dominavam esse setor por anos, sem concorrência. Por isso, abrir uma empresa na crise pode pode ser uma boa estratégia para conquistar mercado.

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Não estou tentando minimizar as dificuldades de se abrir um negócio durante uma crise econômica, mas precisa ficar claro que pode haver facilidades relevantes para algumas startups. Vantagens que podem explicar o sucesso dessas empresas citadas e de muitas outras. Aqui listo algumas delas:

1. Empresas nascidas na crise tendem a ser mais eficientes

O próprio dr.consulta nasceu na crise da saúde, dentro da maior favela de São Paulo. Nossos pacientes dispunham de recursos limitados para acessar um bom sistema de sáude. Por isso, aprendemos a ser extremamente eficientes na utilização dos nossos ativos e resolutivos, para que pudéssemos oferecer excelência em saúde com o menor custo possível. Não foi fácil, tivemos que redesenhar processos, realinhar a cadeia de valor e usar muita tecnologia para dar acesso, pela primeira vez, a essas famílias desprotegidas. E depois de muito trabalho, essas inovações estão atendendo a uma demanda desatendida.

2. Facilidade em Contratações

Durante as crises, a disponibilidade de talentos aumenta. Grandes empresas demitem para equilibrar o orçamento. Gente boa, antes indisponível, volta ao mercado a procura de trabalho. A hora é boa para contratar e montar equipes.

3. Custos e despesas tendem a cair

Como a demanda em geral diminui, é comum haver excesso de oferta por algum tempo e isso coloca pressão para os preços caírem. Compor estoque, comprar moveis, até mesmo recrutar talentos fica mais em conta. No varejo, aumenta-se a disponibilidade de pontos para aluguel. Pontos bons antes indisponíveis voltam para o mercado. Dessa forma, fica mais barato montar e gerenciar um negócio.

4. Financiamentos

Dependendo da composição das variáveis macroeconômicas, pode haver estagnação na economia com aumento de juros, um dos piores cenários imagináveis. No entanto, para reequilibrar o nível de atividade econômica, o Banco Central normalmente reduz a taxa de juros, como ferramenta de estímulo. Logo, pode ficar mais barato tomar financiamento, para os que conseguirem.

Vale notar que, durante as crises, investidores inteligentes procuram investimentos alternativos, que não sejam a bolsa de valores para preservar a rentabilidade do seu capital. Logo, se a sua ideia for boa, pode ser mais fácil encontrar sócios com alto valor para agregar.

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Dependendo do jogo de forças, as vantagens podem ser bem maiores que as desvantagens para se abrir um negócio na crise. Mas se você ainda não se convenceu de que empreender é o melhor caminho e mais seguro, eu fiz um levantamento simples das últimas 14 recessões Americanas, desde a crise de 1929 até a crise de 2007. Em média, houve uma crise econômica a cada 5,5 anos. Portanto, se a recessão no Brasil acabasse esse ano, provavelmente haveria outra recessão em 2021. Se você não quiser ser o contratado, e prefere ser o empregador, mobilize-se agora. Empreender é mais seguro do ficar empregado.